sexta-feira, 24 de maio de 2013

DICAS DE COMO LIDAR COM ALGUÉM COM SÍNDROME DE IRLEN!!! (Para professores)

Por: Débora Rossini

Ooooopa!!!! No post de hoje estou trazendo algumas dicas para professores abordarem e lidarem com um(a) aluno(a) com Síndrome de Irlen (S.I.), nas atividades de estudo. Tive essa ideia após dar uma navegada pela internet e ver inúmeras dicas de "como lidar com pessoas com deficiências diversas". Senti falta de um "manual" explicativo sobre como lidar com quem tem a S.I. !!!

NOTA: Estou elaborando essas dicas tendo como foco os professores UNIVERSITÁRIOS, que lidam com estudantes jovens e adultos - pois esse é o tipo de ambiente com o qual tenho mais familiaridade (e que, portanto, sei falar sobre ele, rerrerré!!!) . Caso você seja professor(a) de ensino médio ou fundamental, e sinta-se inspirado em adaptar alguma(s) dica(s) aqui contida(s) para o contexto da escola, de acordo com a idade, maturidade e série de seu aluno, fique à vontade! :-)


Embora este post seja destinado a professores universitários, vou utilizar aqui uma linguagem leve e descontraída (como, aliás, é o costumeiro neste blog). A intenção é deixar a leitura menos cansativa, menos tediosa, e mais agradável... certo? Afinal, vocês, professores de faculdades e universidades, já devem passar boooooa parte do dia de vocês lendo longos e "densos" textos acadêmicos, não é verdade? ;-)  Segue-se o tutorial, então, que elaborei!


PRIMEIRA DICA: 
Não confunda pessoa portadora de Síndrome de Irlen (um tipo de distúrbio oftalmológico) com pessoa "com baixa visão"!!!!!

A não ser que a pessoa tenha a S.I. em comorbidade com miopia/hipermetropia/astigmatismo altos, ou em comorbidade com outras doenças oculares que causam visão subnormal (glaucoma, retinose pigmentar, catarata congênita, etc.), a pessoa com S.I. é alguém que, aparentemente, ENXERGA AS LETRINHAS NUM TESTE TRADICIONAL DE VISÃO TÃO BEM QUANTO VOCÊ! O que ocorre com quem tem S.I. é que, embora a quantidade de visão possa ser normal, a QUALIDADE é ruim ou péssima - já que o princípio básico desse distúrbio oftalmológico é a hipersensibilidade ocular excessiva à luz, que proporciona sensação de que as letras parecem "mexer ou dançar" num texto a ser lido, dificuldades de percepção de movimento.

SEGUNDA DICA:
Se, nas primeiras aulas, você notar algo de "diferente" em seu aluno, não se acanhe e aproxime dele!!! 

É bem provável que você não vá adivinhar ou detectar, de imediato, que um aluno tenha Síndrome de Irlen. Mas se, no início do ano ou semestre letivo, você notar algum aluno sentindo-se incomodado com a iluminação em sala de aula ou com as luzes vindas de lousas digitais, projetores de slides e similares, é bem provável que a fotofobia excessiva possa estar o atrapalhando no processo de ensino-aprendizagem. Além disso, tem aluno que, para aliviar o incômodo descrito acima, usa óculos escuros mesmo em ambientes fechados, como a sala de aula, por exemplo. Isto porque nem sempre eles possuem os óculos com filtros espectrais que contornam o problema... ou até tem os óculos, mas que, por motivos diversos, mostram-se "fracos" em diversas situações e atividades.

Não fique acanhado, caro professor: encontre um momento adequado e o aborde... pode ser que o aluno esteja, sim, precisando de sua ajuda, mas esteja "sem jeito" de falar com você!!! (Lembre-se de que, para um estudante com deficiência, todo início de semestre ou ano costuma ser bastante desgastante psicologicamente... gente nova, colegas novos,professores novos... ele pode estar se sentindo tímido e desconfortável ao ter de, sozinho, ter de ser sempre o protagonista em tomar a iniciativa de se explicar para os professores!!! Se você abordar o aluno com "jeitinho", ele sem dúvida sentirá agradecido... para ele, é sinal de que você é atencioso e preocupa-se com ele! Certinho? ;-)


PERGUNTAS FREQUENTES:

"Quais são os principais sintomas do distúrbio oftalmológico denominado Síndrome de Irlen?" 
 R.: "A SI, como é comumente chamada, gera dificuldades nas atividades diárias e escolares, pois produz desfocamento, distorções do material gráfico, inversões de letras, trocas de palavras, perda de linhas no texto, desconforto nos olhos, cansaço, distração, sonolência, dores de cabeça, enxaqueca, hiperatividade, irritabilidade, enjôo e fotofobia, tudo isso após um intervalo relativamente curto de esforço despendido no processamento das informações visuais." (Para ler mais detalhes, leia na íntegra, direto da "fonte", rsrsrs!)


"O aluno me disse que tem Síndrome de Irlen. Como faço para ajudá-lo em sala de aula?" 
 R.: Veja o post "Adaptações na Escola, para portadores da Síndrome de Irlen", que já publiquei neste blog!


"Uso muito o data-show e retroprojetor para dar aulas. No entanto, quem tem S.I. tem fotofobia excessiva. Como conciliar minha necessidade de usar o equipamento com as necessidades visuais dele?"
R.: A resposta está aqui, neste post em que abordo justamente isto (e que também já publiquei neste blog!)  :-)


"Leciono num curso de Ciência da Computação. Como lidar com meu aluno que sofre de S.I. ,em aulas práticas?" 
 R.: Em primeiro lugar, verifique se ele usa os óculos com filtros espectrais, específicos para corrigir esse problema. Em caso negativo (ou mesmo se caso ele tenha os óculos mas eles não corrijam 100%), sugiro o seguinte:

- encoraje-o a abaixar o brilho e contraste do monitor do PC, na forma que melhor lhe convier;

-caso seu aluno tenha as "overlays" (lâminas de acetato apropriadas para facilitar a leitura de quem tem S.I.) e se adapte ao uso delas, encoraje-o a usar caso seja possível;

-ensine-o a aumentar a taxa de frequência de atualização do monitor do PC (Isso mesmo, AUMENTAR! Para pessoas com esse tipo de hipersensibilidade, a taxa de 60 Hz - que é a recomendada para as pessoas "comuns" (risos) - é ruim. O aluno deve ir experimentando frequências maiores até achar uma que lhe dê melhor conforto visual. (Foi uma oftalmologista, especialista em S.I., quem me falou!!!)

-encoraje-o a usar software leitor de telas, caso a leitura seja lenta e segmentada. Quem disse que esse tipo de software foi feito só para atender às pessoas cegas e de baixa visão? (Risos.) Ele ajuda, E MUITO, quem tem a leitura lenta e que, portanto, sente-se altamente fatigada com esse tipo de tarefa. (Pessoas com dislexia podem também fazer bom uso desse tipo de software.) Facilita, inclusive, na hora de fazer exercícios práticos de programação - pois, através da resposta sonora, a pessoa com S.I. pode aprender mais facilmente como se escrevem os comandos da linguagem a ser usada. (Para exercícios de programação, recomenda-se configurar o leitor de telas para o INGLÊS, já que as LPs encontram-se neste idioma...)
Exemplos de softwares leitores de tela livres e gratuitos: NVDA (para Windows), Orca (para Linux).

-mais dicas sobre tecnologias assistivas computacionais para quem tem S.I. encontram-se neste blog também - e podem ser encontradas clicando aqui. ;-)


"Sou professor de Computação e ministro disciplinas envolvendo programação. Como faço para ensinar uma disciplina dessas, adequadamente, para quem tem S.I.? "
R.: Além das dicas dadas no tópico anterior, tem um post que fiz neste blog, com dicas para ensinar e aprender ALGORITMOS E ESTRUTURAS DE DADOS. para quem tem S.I. Use as dicas que escrevi por lá, à vontade! :-)


"E as disciplinas de Matemática Superior dos cursos de Exatas (tais como Cálculo, Programação Matemática, dentre outras)? Como trabalhá-las com um aluno com S.I.?" 
R.: Inspire-se no meu "Manual de Sobrevivência ao Cálculo", que já publiquei neste blog!  Outras informações sobre dificuldades em Matemática, que implicam na leitura incorreta de símbolos, dificuldades de aprender e empregar corretamente a linguagem matemática, estão aqui.


Mais sugestões:

Para ler todas as postagens sobre Síndrome de Irlen que publiquei neste blog, clique aqui!

Para ler todas as postagens sobre UNIVERSIDADE E ACESSIBILIDADE que já publiquei neste blog, clique aqui! 

Para conhecer mais de perto a Síndrome de Irlen, veja a fanpage "Driblando e Vencendo a Síndrome de Irlen" no facebook (também de minha autoria). NÃO É NECESSÁRIO "LOGAR" NO FB para LER o conteúdo... (mas, para curtir e comentar os posts de lá, aí sim...)

Certinho? Agora, é aplicar as dicas e sugestões elaboradas e... boa sorte em suas atividades! :-)

DESEJA FAZER ALGUM COMENTÁRIO SOBRE O POST ACIMA? USE O ESPAÇO ABAIXO!!!  Mãos ao teclado, hehehe!!! :-D

POSTS RELACIONADOS: 
Estratégias de sucesso para professores que têm aluno(a) com Síndrome de Irlen

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Universidade Acessível

Por: Débora Rossini

Ooooopa!!! De volta à blogosfera, trazendo mais uma "rodada" de "Sopa" quentinha para você, rerrerré!!! 

Navegando pela internet, encontrei um texto, relativo ao projeto "Todos Nós: Unicamp Acessível", e que mostra diversos problemas e questões que afetam o acesso, a permanência e o prosseguimento dos estudantes com deficiência na universidade! Pelo que pude entender, parece-me que foi realizado um workshop, com oficinas, nas quais foram levantadas e mostradas diversas questões relacionadas à realidade dos universitários com deficiência na referida universidade paulista... e tudo o que foi observado e realizado ali foi documentado no texto a que me refiro! Segue-se o link: vale a pena ler!!! :-)

http://styx.nied.unicamp.br/todosnos/historico/workshop-todos-nos-unicamp-acessivel/livro/questoes_problemas.html

Listei alguns pontos principais do texto, que vale a pena ser lido por inteiro - e que seriam interessantes para "turbinar" políticas de inclusão e acessibilidade em todas as universidades - sejam elas públicas ou particulares- que existem por aí. Vale a pena refletir sobre os pontos destacados abaixo!!!
Olha só:

- Apesar de a sociedade ter o já famoso preconceito em relação às pessoas com deficiência, há, por outro lado, aquela atitude (talvez até inconsciente!) de a pessoa com deficiência querer "se esconder", "não aceitar suas limitações", "sentir constrangido em pedir ajuda".
Isto pode ser mostrado pelo seguinte trecho:  

"Foram citados os seguintes problemas com relação aos aspectos atitudinais: "o aluno com deficiência se exclui"; há, algumas vezes, "preconceito do próprio deficiente em relação à ajuda" que pode ser necessária para sua locomoção, comunicação ou aprendizado; em alguns casos, as pessoas com deficiência podem apresentar "problemas psicológicos"; há, em determinadas situações, um "individualismo do próprio deficiente" que aparece no seu modo de se comportar socialmente."

Ao meu ver, acredito que tal reação possa ser até uma espécie de "defesa" psicológica da pessoa com deficiência: ela já está tão cansada, tão desgastada psicologicamente com situações de preconceito, de não-aceitação, que acaba "negando" sua deficiência (mesmo que inconscientemente) e se "fechando" - a fim de tentar evitar mais situações que lhe tragam mais sofrimento... No entanto, tal atitude que a princípio parece ser uma autoproteção, na verdade acaba dificultando ainda mais o processo de inclusão... :-(

Achei bastante interessante um outro parágrafo do texto, que diz o seguinte:

"Entre os pontos levantados pelos participantes da oficina, foi destacada a existência de problemas da própria pessoa com deficiência em relação à sua condição. Alguns salientaram que a postura preconceituosa e a dificuldade em aceitar ajuda acarretariam a auto-exclusão dessas pessoas. Esses destaques indicam que os participantes compreendem que a inclusão não depende somente da disposição favorável de uma comunidade, mas também da pessoa com deficiência que, como agente importante desse processo, deve tornar claramente conhecidas as suas necessidades. Podemos dizer, então, que as pessoas com deficiência não deveriam entender a busca por apoio como um constrangimento, mas como legítimo exercício dos seus direitos."

Pois é... é aí que vem a história: para facilitar o processo de inclusão, ele necessita ser de "mão-dupla"; por um lado, a sociedade necessita aceitar aquela pessoa com deficiência; mas, por outro lado, essa mesma pessoa com deficiência necessita, digamos, se aceitar e "sair da toca" (risos) ... e mostrar para os outros suas necessidades, mostrar como os outros deve agir com esse indivíduo, etc - para que a sociedade saiba incluí-la adequadamente... RESUMINDO: por mais que a sociedade se conscientize e se "abra" para acolher a galera com deficiência, esta, por sua vez, tem de informar qual a melhor forma de lidar com ela... "sacou?" ;-)


Outra passagem interessante é a seguinte:  

"Faltam na opinião dos participantes, "campanhas educativas" que tratem desse assunto e uma atuação mais adequada e intensa da mídia (interna e externa à Unicamp), na abordagem do tema. Os participantes, apontaram que "a mídia não divulga materiais que facilitem, incentivem e eduquem as pessoas para a inclusão", assim como ainda não apresenta "programas educativos sobre as diferenças" que possam promover uma reflexão mais ampla sobre o tema."

Interessante MESMO!!! Afinal, tanto professores, quanto monitores, quanto funcionários, quanto colegas de estudantes com deficiência, PODEM E DEVEM ser informados da melhor maneira de lidar com quem tem problemas com a potência visual, auditiva, locomotora, de quem tem problemas de aprendizagem, etc... Atitudes como CAMPANHAS EDUCATIVAS NA UNIVERSIDADE, ENVOLVENDO TODA A COMUNIDADE ACADÊMICA, é de extrema importância... em vez de reduzir o grupo de estudantes com deficiência a um grupo "paralelo", com as medidas de inclusão limitadas apenas a eles!!! FICA A DICA PARA OS SETORES DE INCLUSÃO E ACESSIBILIDADE DE TODAS AS UNIVERSIDADES!!!!!

E você, que está lendo este texto? É professor ou estudante universitário? Possui alguma deficiência/limitação? O que achou deste post? COMENTE ABAIXO!!! :-)