terça-feira, 26 de setembro de 2017

ESTÁ HAVENDO UM ''SURTO" DE SÍNDROME DE IRLEN NOS DIAS ATUAIS??

Por: Débora Rossini

Fala, galera! Navegando pelo Facebook, deparei com um texto de uma internauta, que é fonoaudióloga e cujos posts acompanho. Ela escreveu um post bem bacana, que curti pra caramba!!!
Pedi a permissão dela, para reproduzir aqui. Ela gentilmente autorizou! Segue-se o texto (cujo original pode ser visualizado aqui ):

"A ignorância é o pior de todos os males. Que sensação horrível ouvir: "no meu tempo não tinha nada disso e ninguém morria!" Dói meus ouvidos 😣 Graças a Deus nós evoluímos bastante no que se refere ao acesso às terapias! Quem não tinha acesso às mesmas em tempos passados, sofre as consequências até hoje. Afirmo e bato o martelo! Atualmente, venho percebido uma enorme demanda de adultos buscando tratamentos para tentar superar defasagens antigas e nunca tratadas. Problemas na leitura, escrita e aprendizagem que pioraram com o tempo impedindo até a possibilidade de formação na educação regular e/ou em faculdade. Então, vamos abrir nossos horizontes e aprender que a vida nos oferece inúmeras oportunidades de evolução e crescimento pessoal e que temos que tirar proveito para não ficarmos para trás. Fica o desabafo ;-) "

O desabafo acima pode se referir a inúmeros tipos de quadros clínicos apresentados por crianças, adolescentes e adultos. Como, por exemplo, dislexia, Transtornos de Processamento Auditivo, TDAH, Síndrome de Irlen, dentre inúmeros outros.
Mas, aqui neste texto que estou escrevendo, por opção minha (e por maior conhecimento, hehehe), vou dar um enfoque maior à Síndrome de Irlen - distúrbio de visão, de origem neurológica, caracterizado por intensa fotofobia (mas MUITO INTENSA MESMO!!!) e que dificulta, por exemplo, atividades de leitura, escrita, e que requerem concentração (principalmente se o grau for mais severo.)

Tem gente - tanto leiga quanto profissional - que, por falta de informação, acaba pensando (erroneamente) que "Síndrome de Irlen é um 'distúrbio da moda' ", ou que "é um surto de algo que nunca se ouviu falar", ou "doença inventada", ou algo similar. E tem gente que ainda pensa assim: "-Se é de origem genética como dizem, como é que nossos pais, avós, bisavós, etc. 'tocaram' suas vidas normalmente, criaram suas famílias, e sempre cumpriram com suas tarefas, sem todos esses desconfortos que se relatam hoje?"

CALMA, GENTE! =D Peraí... 

Sentem-se direito no sofá, que a explicação é um pouco longa - mas VALE MUITO A PENA, hehehe!!!

Primeiramente, as demandas de antigamente eram diferentes das de hoje.
Por exemplo, antigamente não tinha tanta demanda e exigência de as pessoas fazerem ensino médio e faculdade. Até mesmo porque a oferta de ensino gratuito não era tão ampla quanto hoje. Muitas vezes, boa parte das pessoas estudavam até o "4º ano primário" (atual 5º ano) e, posteriormente, iam aprender um ofício. Ou então, dependendo das condições familiares, ia até a 8ª série (atual 9º ano), e já começavam a trabalhar. Outros já iam até o 3º ano do 2º grau (atual ensino médio), muitas vezes profissionalizantes, e já chegavam aos 18 anos com uma formação técnica para seguir uma profissão que, em tese, seria para o resto da vida.
Segundo relatos de pessoas mais antigas, se antigamente uma criança/ pré-adolescente não mostrava tanto talento para a escola, logo era tirado da escola e encaminhado pelos pais para trabalhar, assim que tivesse a idade suficiente (lembrando que naquela época adolescentes podiam trabalhar, e até era considerado como parte da educação deles.) 

O abandono precoce da escola era mais comum ainda entre as meninas, uma vez que elas eram educadas pelos seus familiares para que aprendessem a cuidar de uma casa e, futuramente, dos filhos. Como disse uma pessoa para mim, certa vez, mais ou menos assim: "-Era impressionante como haviam mocinhas, sobretudo de famílias mais pobres, que mal sabiam assinar o nome, mas que eram 'craques' em 'assumir' uma casa, ter 'expediente' nas tarefas domésticas, dar conta de cuidar de crianças, tudo isso com imensa habilidade... Isso mostra que tais meninas eram inteligentes, sim; porém a educação delas era informal, focada nos afazeres do lar, e não na formal, voltada ao domínio pleno dos conhecimentos adquiridos nos bancos escolares. E não tinha, antigamente, uma lei que obrigasse os pais a manter os filhos matriculados na escola para ter a educação formal básica." 

Não raro, já no final da adolescência, era comum que os jovens já se casassem, constituíssem suas próprias famílias, e trabalhassem para manter o sustento do lar e da prole.

Logo, as pessoas passavam menos anos estudando e mais tempo de suas vidas dedicando a trabalho (muitas vezes braçal), à família e outras obrigações do tipo. A não ser pessoas de classes mais abastadas, que eram enviadas para estudar fora (principalmente se fossem do sexo masculino) para fazer um curso superior (como Medicina, Direito ou Agronomia, por exemplo), que era algo para poucos. Mas, se o jovem não demonstrasse talento para ir pro curso superior, aí ele então buscava outro caminho - que era ir trabalhar.

Com a posterior amplificação da oferta de ensino público gratuito até o 3º ano do ensino médio, com a atual legislação que afirma que toda criança e adolescente TEM de estar na escola, com a maior exigência de escolaridade até para empregos que exigem mais do trabalho braçal do que intelectual, com a maior oferta de cursos e vagas em universidades públicas e privadas, e com a constante exigência por especializações e cursos de formação continuada, passou, automaticamente, a aumentar a maior demanda por atividades de leitura e de escrita por mais longos anos. Daí a necessidade URGENTE de as pessoas entenderem que, o que era menos exigido ''antigamente" por questões sociais e culturais, HOJE É ALGO BÁSICO E INDISPENSÁVEL. Logo, a leitura, escrita e recuperação de defasagens de aprendizagem é algo, digamos, praticamente "vital" atualmente.

 Por isso é que um monte de antepassados das pessoas de hoje, sem dúvida tiveram, SIM, geneticamente, a condição da Síndrome de Irlen, mas que ela não se manifestava e nem, digamos, "interferia" tanto assim nas vidas das pessoas. Até mesmo porque antigamente não tinha tanto estímulo luminoso artificial como hoje (luz fluorescente, computador, letreiros luminosos, telões com propagandas em lugares públicos, etc). Tinham, também, menos carros nas ruas (e, portanto, uma demanda menor não só no complexo ato de conduzir um veículo - mas também, em relação à atenção que o pedestre tinha que ter no meio da rua para não ser atropelado).
Ou seja, o ambiente físico era menos "hostil" a quem tivesse uma configuração neurológica que corresponde ao que vemos hoje nos pacientes diagnosticados com Síndrome de Irlen! Então, mesmo que as pessoas daquele tempo tivessem a configuração neurológica de quem tem Irlen, os sintomas não manifestavam - ou manifestavam muito pouco, a ponto de não interferir tanto em suas vidas.  Mas que, com a transmissão hereditária de tal ''configuração" ao longo das gerações, resultou nas crianças, jovens e adultos de HOJE EM DIA que ''matam um leão por dia" com os desconfortos e transtornos causados pela Síndrome de Irlen... :-/

Devido a isto, é que tem-se a ''impressão'' de que a Síndrome de Irlen é uma ''doença nova". Na verdade, hoje em dia tem mais fatores que a desencadeiam (maior demanda por leitura e escrita, maiores estímulos luminosos, maior oferta - e até exigência- de mais anos de escolaridade) do que antigamente. Muitos trabalhos que antes eram braçais, hoje são feitos por máquinas - e boa parte dos empregos de hoje em dia exigem um razoável domínio de leitura, escrita, cálculos matemáticos e horas mexendo com papeis e/ou diante da tela (LUMINOSA!!!) de um computador.

Mas, felizmente, hoje em dia os transtornos que dificultam a leitura e escrita tem tratamento! Portanto... sim, está corretíssimo correr atrás de recursos e auxílios profissionais que ajudem a pessoa a ler, escrever e aprender melhor!!! Não é frescura, nem ''procurar chifre em cabeça de cavalo"; mas é a BUSCA de uma qualidade de vida, digamos, ''decente"!!!
Isso tudo que escrevi acima, na verdade eu tinha escrito - originalmente-  em forma de vários comentários seguidos, à autora do post cuja reprodução foi feita no começo deste texto, lá no Facebook. Depois, achei interessante reuni-los, transformando em texto para o blog, de forma que ficasse mais fácil para que outras pessoas tivessem acesso! ;-)

UFA!!! Escrevi demais, não é? Mas tô me sentindo ''mais leve" agora, ao conseguir argumentar sobre a importância de buscar ajuda profissional - seja oftalmológica, seja de outras especialidades médicas, seja pedagógica- para que a pessoa consiga estudar e ter o pleno desenvolvimento de suas capacidades!!! 
É isso aí, gente. Tem algum comentário interessante pra fazer? Digite-o aí no espaço abaixo, hehe!

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

21 DE SETEMBRO - DIA NACIONAL DE LUTAS DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA

 Por: Débora Rossini

Fala, galera! Beleza?? Publiquei este texto no Facebook, e estou re-publicando aqui, para atingir um número maior de leitores, hehe!!!

Pois é... Ontem, 21 de setembro, foi o Dia Nacional de Lutas das Pessoas com Deficiência. Ou seja, um dia para destacar e chamar a atenção da sociedade sobre as batalhas que a galera com algum tipo de deficiência/necessidade especial enfrenta, matando "um leão por dia". 🤔

Infelizmente, muita gente - que não tem deficiência, nem gente na família com tal atributo - pensa assim: "-Ah, isso não é comigo". E nem quer saber de coisas relacionadas à acessibilidade, inclusão, tecnologias assistivas, etc (achando que isso é coisa de "um nicho específico", de ''quem precisa disso", etc.) E toca a vida pra frente.

👉👉👉 GENTEEEE... Pensem comigo aqui:

☝️ 1) Nunca se sabe o ''dia de amanhã'' - logo, pessoas que não tem deficiência hoje, PODEM (ou não) ter deficiência amanhã. Seja por acidente, seja por um infeliz episódio de agressão/violência, ou mesmo por alguma doença genética que se manifesta tardiamente (e que a pessoa nem sabia que tinha isso na família).

☝️ ☝️ 2) A expectativa de vida dos brasileiros está aumentando. Com a longevidade, entretanto, vem um monte de limitações físicas, sensoriais e/ou cognitivas, devido ao desgaste natural do organismo. Logo, quanto mais conhecimento sobre recursos assistivos - e, principalmente, quanto mais empatia em relação a quem tem algum tipo de necessidade especial, melhor. Facilita até mesmo a aceitação de alguma possível limitação que porventura aconteça ao longo da vida.

☝️ ☝️ ☝️ 3) Não se esqueçam que ''ACESSIBILIDADE" não é algo restrito a quem tem deficiência/ necessidades especiais permanentes. ACESSIBILIDADE E INCLUSÃO SÃO BASTANTE ÚTEIS, **TAMBÉM**, PARA QUEM, POR ACIDENTE OU MOTIVO DE SAÚDE, FICA TEMPORARIAMENTE PRECISANDO DISSO. Qualquer um de nós está sujeito a quebrar uma perna, um braço, ou estar em pós-operatório de cirurgia, etc - e, assim, precisar de muleta, bengala, cadeira de rodas, tipoia imobilizadora, alimentação especial, etc (dependendo da situação.)
Já vi, de perto, **vários** casos em que pessoas SEM deficiência quebraram pernas e, graças à estrutura de acessibilidade da instituição em que estudavam/trabalhavam, puderam usufruir das rampas e banheiros adaptados.

E vocês, internautas? O que acham desta reflexão? Comentem.... E compartilhem à vontade, em suas redes sociais, este texto, hehe!!!