sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Adaptações na escola, para portadores de Síndrome de Irlen

Por: Débora Rossini

Ooooooopaaaa!!!!! Demorou, mas enfim, chegou o texto que prometi no post anterior - ou seja, um post trazendo algumas dicas para a pessoa com Síndrome de Irlen (SI) ter um pouco mais de conforto no ambiente escolar. Eu li as dicas no site americano Irlen Syndrome, escrito por David Accola (que é portador de SI) - e fiz um resumo principal em português do que está escrito ali. (Se você consegue ler em Inglês e quiser ver o texto original, clique aqui).

São dicas simples e fáceis de pôr em prática no ambiente escolar. Em seu texto original em Inglês, David Accola ainda faz uma sugestão: "Se você possui SI e está tentando obter adaptações em seu ambiente de trabalho ou escola, seria de grande ajuda se você imprimisse esta página [a do site dele] e a mostrasse para seu professor, orientador educacional/pedagógico , ou qualquer pessoa que poderá tornar seu dia-a-dia mais fácil". Legal, não é? Afinal de contas, poucas pessoas (ainda mais aqui no Brasil) sabem acerca da SI - excetuando, claro, os (relativamente poucos) profissionais que trabalham com a SI por aqui e também pacientes que tentam correr atrás do máximo de informações que puderem. Sendo assim, muitas vezes, os próprios pacientes é que acabam "ensinando" para o professor como lidarem com um aluno com esse distúrbio visual.





Em tempo: se você é professor , pedagogo ou gestor escolar, e quer fazer
cursos mais aprofundados sobre a SI, com profissionais que entendem do assunto aqui no Brasil mesmo: sua chance existe! Dê uma olhada neste site aqui:
http://www.dislexiadeleitura.com.br/portal.php .
Vira-e-mexe, são promovidos cursos de capacitação sobre o que é a SI e , até mesmo, de como se tornar um "screener" (aquele profissional
capacitado para detectar casos suspeitos de SI, a fim de encaminhá-los para atendimento oftalmológico especializado). Voilà!!!! :-)



Vamos lá, então, às tão esperadas dicas de adaptação do portador de SI na escola? ;-) É bom lembrar que estudantes com SI são bastante sensíveis à luminosidade ambiente e a reflexos luminosos que ocorrem em páginas impressas de cor branca e que são brilhantes - o que gera "distorções" na forma como eles veem os caracteres impressos, resultando em diversas formas de desconforto (dor nos olhos, dor de cabeça, cansaço, dificuldade de concentração e memorização, etc).

-- Questão da iluminação: David Accola sugere que os tipos de iluminação menos incômodos para uma pessoa com SI são: iluminação natural indireta ou então lâmpadas incandescentes. (No entanto, em um post anterior, dei aos leitores do "Sopa" alguns palpites para "aguentar o tranco" em ambientes nos quais tem luz fluorescente e que não dá para realizar a troca das lâmpadas... rerrerré!!!) Enfim: vale tentar o que for mais viável para reduzir o incômodo!!!! ;-) Só não vale ficar "sofrendo" por aí, rerrerré!!! :-) Ainda segundo o blogueiro americano, enquanto houver luz natural no ambiente, vale a pena aproveitá-la ao máximo - evitando, assim, acender as luzes do cômodo. Ah, e mais: vale lembrar que é a LUZ INDIRETA que vai trazer conforto para quem tem SI; portanto, "não vale" ficar de frente para a janela, ok?

-- Uso de "lâminas" coloridas (também conhecidas como "overlays"): São folhas de acetato, coloridas, que são colocadas em cima da folha com o texto a ser lido, a fim de proporcionar maior conforto ao paciente. Essas lâminas são apresentadas e prescritas por profissionais que entendam de Síndrome de Irlen (seja um profissional de Educação capacitado como "screener" de SI ou um profissional de Saúde capacitado para diagnosticá-la e tratá-la). Um desses profissionais capacitados irá fazer um teste com o portador de SI, e vai ajudá-lo a descobrir qual será a cor da lâmina mais adequada para colocar em cima de um texto impresso (e, assim, ajudar a aliviar o desconforto ao ler).
Vale lembrar que a cor que serve para um paciente não necessariamente servirá para outro!!! O uso de uma lâmina com a cor errada poderá, inclusive, piorar os sintomas! :-( Portanto, é importante que se faça um teste para atender às necessidades individuais do paciente. Além do mais, é importante assinalar que as cores de tais lâminas nem sempre coincidem com as cores dos óculos com filtros espectrais.

--Papeis coloridos para leitura e escrita, sempre que possível: segundo David Accola sugere, vai proporcionar maior conforto na leitura e escrita do paciente, dando efeito similar ao dos overlays. Mas o autor aponta que é necessário detectar, com a ajuda profissional, qual é a cor de papel mais adequada e que trará maior conforto; do contrário, a escolha errada irá proporcionar desconforto ao paciente, tal como o papel branco! Uma dica adicional do autor: papel reciclado, com suas colorações características, podem trazer mais conforto que o papel branco; vale experimentar!!!

--Posição do livro ao ler: segundo David Accola, o melhor é colocá-lo em frente ao portador de SI. Aquela história de colocar o livro meio que de lado (muito comum quando dois estudantes compartilham um mesmo livro quando estão estudando em dupla, ou fazendo algum trabalho juntos), pode causar cansaço mais rápido para o portador de SI.

--Retroprojetor: David Accola sugere reduzir AO MÁXIMO atividades que envolvam o uso de retroprojetor. (Fácil de entender o porquê...! Fica aquela luz "fortona" na cara do paciente, obrigando o "coitado" a ler e copiar conteúdos sob luz intensa, dando-lhe cansaço extremo!!! Aaaafffff!!!!!)
Obs: frequentemente, há professores - sobretudo universitários - que não abrem mão de jeito nenhum do "danado" do retroprojetor, alegando razões diversas!!!! :-( Já que, na prática, fica difícil para um estudante com SI ter aulas sem esse equipamento, prometo no próximo post trazer algumas dicas para que alunos com tal distúrbio consigam "dar a volta por cima" durante as aulas - de forma que haja uma conciliação entre a vontade do professor e as necessidades/limitações de tais alunos.

--Lousas brancas x lousas escuras: David Accola aponta que os quadros de fundo escuro, nos quais escrevem-se com gizes brancos ou de cores claras, são mais confortáveis para a leitura do que os quadros brancos - que, além de terem a cor de fundo do texto desagradável para um portador de SI, ainda proporcionam um incômodo "extra", por causa do brilho da superfície. Assim sendo, seria legal que, sempre que possível, os professores utilizassem os tradicionais "quadros-negros" em vez dos modernos quadros-brancos.
Ele também sugere que os professores "repartam o quadro" e escrevam em colunas, em vez de escreverem todas as linhas usando toda a largura da lousa. Isto tem um motivo fácil de entender: é para minimizar o "embaralhamento" da leitura pelo portador de SI, que irá piorar se ele tiver de ler linhas extensas.




Palpitinho adicional da "Sopeira" aqui: tem também
aquele detalhe, de que as pessoas com SI costumam ter leitura mais lenta e
segmentada que o normal. Caso você tenha SI e tenha algum(a) professor(a) que
tenha estatura baixa e consequentemente menor disponibilidade de área da lousa
para escrever (e que por isso mesmo, o quadro "encha mais rápido" com a escrita
dele), peça para ele esperar um pouquinho mais de tempo para realizar a cópia da
matéria, antes de apagar a lousa!!!
Caso a sua velocidade de cópia seja muuuuito lenta - e, assim, o
professor não possa esperar taaanto tempo adicional, a fim de não prejudicar o
andamento da aula para os outros alunos- opte então por uma das alternativas:
pedir, antes da aula,para o professor, uma cópia xérox das notas de aula
(eliminando, assim, sua necessidade de copiar da lousa); ou então pedir para
algum colega de confiança para emprestar-lhe o caderno depois das aulas, para
você copiar com calma o conteúdo ou "xerocar" o caderno dele... ;-)



Outras dicas apresentadas pelo blogueiro americano:

--Experimentar copiar a matéria de um papel a outro (ex: caderno do colega, livros, etc) em vez do quadro para o papel traz mais conforto, devido à posição e distância entre uma superfície e outra;

--Usar um marcador (régua, marca-texto, etc) para facilitar a leitura em papel, evitando que os olhos "pulem" involuntariamente de uma linha do texto para outra. É sugerido que o marca-texto tenha a cor indicada para o "overlay";

--Se tiver problema em ler e responder questionários na tela de um computador, experimentar imprimir o questionário em papel, responder e depois solicitar a uma outra pessoa para transcrever as respostas para o formulário eletrônico; dar pausas para descanso, sempre que for necessário, após tarefas de intenso esforço visual.

--Se necessário, aproveitar que existem materiais didáticos em áudio por aí, e... "mandar ver" neles como forma de auxílio nos estudos!
Palpitinho da "Sopeira" aqui: o autor não especificou, mas acredito que essa medida seja para os casos mais graves de SI, nos quais há comorbidade com distúrbios tais como Dislexia, por exemplo. Bom, mas, de toda forma, a opção está aí, e vale experimentar! ;-)

Bom, o post ficou grande, mas... espero ter ajudado diversos estudantes brasileiros com SI que tenham por aí - bem como seus respectivos professores. Até o próximo post! :-)

Atenção: as informações contidas neste post (e em
diversos outros, também!) são de
caráter meramente e exclusivamente
informativo
. Não sou profissional de Saúde; que isso fique bem claro, ok? :-) Sou apenas uma estudante de Ciência da Computação que desempenha diversas tarefas relacionadas à Educação Inclusiva e Tecnologias Assistivas. Em caso de quaisquer dúvidas que exijam um conhecimento formal e mais aprofundado para solucioná-las, recomendo aos leitores que consultem um profissional capacitado para tal. ;-)

4 comentários:

  1. Você é excelente.
    Eu sou estudante de Pedagogia e quero fazer o meu TCC justamente sobre as estrategias de ensino do professor, ao trabalhar com o aluno com SI.Porém, não encontro nada que me dê embasamento. se souber de algo que possa me ajudar, agradeço.

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    1. Olá, Edison! Que bom que você gostou do texto!

      Realmente, é difícil achar bibliografia muito detalhada sobre a Síndrome de Irlen em português... a maioria é em Inglês (até mesmo, porque, as pesquisas sobre o referido distúrbio oftalmológico começaram nos EUA, onde o inglês é o idioma oficial, hehe.) Sendo assim, a dica é procurar pelas palavras-chave ''Irlen Syndrome", "education" e outras relacionadas.

      Mas talvez você possa encontrar algo interessante nesta ferramenta de busca, do Google Acadêmico. Tem alguns textos e artigos que talvez possam lhe ajudar! :-)

      https://scholar.google.com.br/scholar?hl=pt-BR&q=sindrome%20de%20irlen&btnG&lr

      Grande abraço! Volte sempre! :-)

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  2. Respostas
    1. Obrigada por compartilhar o link!
      De fato, a maior parte dos textos acadêmicos/científicos sobre Síndrome de Irlen estão em inglês.

      Abraços!!

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