quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

A POLÊMICA CAMPANHA REALIZADA PELA PREFEITURA DE CURITIBA

 Por: Débora Rossini

Ooopa!!! A postagem de hoje é sobre a polêmica campanha que ''deu o que falar'' nesta semana, e que foi realizada pela prefeitura de Curitiba, tendo como tema os direitos das pessoas com deficiência!

Para quem não acompanhou o agito pelas redes sociais, eu explico: 

Na última segunda-feira, 30 de novembro, começou a circular pela internet reportagens falando de um ''Movimento Pela Reforma de Direitos'', que propunha uma petição para acabar com os ''privilégios'' (hãããã??) que as pessoas com deficiência teriam no dia-a-dia - tais como prioridade em filas, cotas em empresas, etc (sob a alegação de que isto estaria prejudicando a maioria da população, ou seja, uma minoria atrapalhando o cotidiano da maioria). Até página no Facebook eles criaram, como forma de dar visibilidade ao movimento. 

Como era de se esperar, em poucas horas o conteúdo ''viralizou'' pela internet afora - causando inúmeras reações de indignação, de revolta, entre a população (principalmente, claro, das pessoas com deficiência). Afinal, não se trata de ''privilégios'' concedidos a pessoas com deficiência - mas sim DIREITOS, conquistados às custas de muita luta, ''suor'' e exposição pessoal da população com necessidades especiais (e seus pais, no caso de crianças e adolescentes que apresentam tais limitações). 

E, cá pra nós: nunca se sabe o próximo instante de nossas vidas, não é verdade?  Alguém que é considerado clinicamente ''normal'' hoje, infelizmente pode integrar o time das pessoas com necessidades especiais amanhã... bastam poucos segundos, e tudo pode mudar para sempre na vida de uma pessoa... basta um acidente automobilístico, uma queda, um episódio de violência, uma intoxicação ou alergia... e pronto: mais uma pessoa com deficiência física, auditiva, visual ou infelizmente até múltipla...! :-/ Isso sem contar as necessidades especiais a que todos nós estaremos sujeitos, devido ao envelhecimento! Portanto, nunca se deve fazer pouco-caso das conquistas ''suadas'' das pessoas com deficiência, pois talvez, queiramos ou não, elas poderão ser úteis para qualquer um de nós um dia. Mesmo que sejam incapacidades temporárias, tais como quebra de um braço ou perna, dificuldade temporária de enxergar devido a algum procedimento cirúrgico, etc. ;-)

Por motivos fáceis de entender, muita gente ficou revoltada, denunciou a página do referido ''movimento'' (justamente por ela violar as leis que asseguram os direitos dos deficientes e incitação de discriminação e ódio em seu conteúdo) e grupos de ativistas estavam se mobilizando, online, para denunciar formalmente às autoridades competentes, por via judicial. Aliás, de acordo com o que foi publicado na fanpage do Deputado Romário Faria (defensor da causa das pessoas com deficiência e pai de uma menina com Síndrome de Down), ''discriminar ou incitar ódio à pessoa com deficiência é crime passível de multa e reclusão. Está no artigo 88 da Estatuto da Pessoa com Deficiência - Lei Brasileira de Inclusão (LBI). E tem mais: se qualquer dos crimes previstos é cometido por intermédio de meios de comunicação social ou de publicação de qualquer natureza, a pena é dois a cinco anos e multa.''

No dia seguinte (que foi ontem) foi amplamente divulgado pela mídia que o suposto ''movimento pelo fim dos direitos dos deficientes", com todo o conteúdo divulgado, nada mais foi do que uma jogada de marketing feito pela prefeitura de Curitiba - a fim de chamar a atenção para a necessidade dos DIREITOS das pessoas com deficiência. E, para causar impacto, segundo os idealizadores da campanha, a ideia era justamente causar o choque, impacto e revolta na população, para surtir efeito. 

Maaas... fico pensando o seguinte: mostrar a importância dos direitos das pessoas com deficiência é uma coisa boa, mas será que teria que ser DESSE jeito??? Será que a forma que foi feita não extrapolou os limites da ética, indo ''longe demais''? Mesmo que haja pessoas falando que ''é apenas um experimento social para ver a capacidade de indignação das pessoas'', acho que foi muito de mau gosto...

Digo isso pelo seguinte:
Imagina alguém que tem um tipo de deficiência e que, com o estado emocional alterado, possa ter seus sintomas acentuados (ex: se fica com raiva, os sintomas pioram), e que leram a notícia como o referido ''movimento contra os deficientes'' ontem. Imaginem o impacto emocional que isso pode causar em uma pessoa já tão desgastada pelas limitações físicas (e pelo consequente desgaste psicológico)... uma pessoa dessas corre o risco de passar mais mal ainda, ficando mais comprometida e causando até mesmo uma ida às pressas ao hospital, causando transtorno para ela e seus familiares... 


Por isso, se me perguntarem o que achei da tal campanha, minha opinião é: '' -Não gostei, mesmo! '' Acho que extrapolaram os limites éticos.
Mesmo tendo a alegação que, na organização da campanha, houve também pessoas com deficiência envolvidas no ''projeto'', ainda assim, na minha opinião, não justifica a forma como a campanha foi feita. 
Veja o porquê de eu afirmar isso: é que nem toda pessoa com deficiência lida, da mesma forma, com a condição física/sensorial apresentada!

Há pessoas com deficiência que, felizmente, são bem-resolvidas e ''em paz'' com a condição que apresentam, apesar das dificuldades cotidianas (e que até mesmo fazem piadas bem-humoradas sobre suas características!) . Mas tem pessoas com deficiência que não aceitam suas condições físicas e/ou sensoriais, ficam muito nervosas quando aparece alguma situação chata ou constrangedora em virtude de sua deficiência e até mesmo apresentam quadro de depressão por causa disso. Tem gente que fica tão desgastada emocionalmente, devido a ser alguém com deficiência (sobretudo quem a ADQUIRIU ) que até faz terapia com psicólogo por causa disso! Principalmente se é alguém que passou para o ''time das pessoas com necessidades especiais'' devido a algum acontecimento traumático e repentino. O indivíduo fica com o emocional fragilizado, sacam? :-/ Portanto, se alguém nessas condições lê um notícia como essa, que propõe o fim dos privilégios, DIREITOS dos deficientes, pode até piorar seu quadro clínico devido à ansiedade e nervosismo!!!


Então, mesmo que haja pessoas com deficiência que já fizeram ''as pazes'' com suas limitações e que participem da organização da tal campanha da prefeitura de Curitiba, elas se esqueceram de que acabaram causando muitos transtornos emocionais para quem é fragilizado emocionalmente por causa de suas necessidades especiais e as implicações destas... Ou seja, contraditoriamente, esqueceram-se das ''diversidades''! Não acha? 


Pela internet afora, pude ver as opiniões dos próprios internautas com deficiência, e ter uma ideia do que eles acharam da campanha. Vi que eles não gostaram nem um pouco! 
No facebook, pude ler algo como: ''A causa é boa, mas os fins não justificam os meios'' Outro internauta disse mais ou menos assim: ''Se o objetivo foi chamar a atenção, e causar rebuliço, conseguiram; porém , em vez de promover reflexão, a propaganda causou foi revolta e indignação''. Um outro internauta postou mais ou menos assim: ''Uê, então para fazer campanha sobre algo que NÃO se deve fazer, tem de 'sair' fazendo? Então para fazer campanha sobre não agredir os outros, tem de sair agredindo?'' 

Só para finalizar este texto: quem me segue pelo facebook já deve ter percebido que as ideias que expus acima, sobre o que achei dessa controversa campanha, já publiquei por lá - na timeline e em comentários como resposta a outros internautas... apenas reorganizei o conteúdo em forma de um texto mais adequado ao formato de um blog, hehehe!

E você, o que acha disso tudo? Manifeste-se na seção de comentários abaixo! =)

Um comentário: